Há 50 anos, a NASA e o mundo entrava em choque. Triviais testes de rotina da tripulação da missão Apollo 1
dentro da cápsula que os levaria para o espaço menos de um mês mais
tarde, em fevereiro de 1967, resultaram na primeira grande tragédia do
programa espacial americano.
O mais inacreditável é que o incêndio mortal que tirou a vida do comandante da missão, Gus Grissom, e dos astronautas Ed White e Roger Chaffee,
não aconteceu no espaço, muito menos durante uma arriscada reentrada
atmosférica. As chamas surgiram bem debaixo dos narizes da NASA, no
complexo de lançamento 34 da Base de Lançamentos da Força Aérea de Cabo
Canaveral.
Simulando uma situação de lançamento, a bordo da cápsula e no topo do foguete Saturn IB,
os três passaram cinco horas e meia testando os sistemas na maior
tranquilidade.
Mas, em questão de segundos, uma falha elétrica resultou
em um incêndio mortal, que se alastrou rapidamente pela cabine levando ao triste desastre que criou três mártires e mudou
os rumos da exploração espacial.
Em 25 segundos, o sonho de
chegar à Lua foi para o espaço. Pelo menos foi o que qualquer um na Nasa
pensou há 50 anos, em 27 de janeiro de 1967. Há semanas do primeiro
lançamento do programa Apollo, que ia dar uma voltinha na
órbita terrestre antes de se aventurar na missão lunar, um teste
simples, bobo até, foi interrompido por um incêndio que, em menos de
meio minuto, atingiu 537º C e matou três dos mais bem preparados
astronautas da época.
O acidente que agora faz
aniversário chocou a agência espacial e adiou em mais de um ano a
partida definitiva para a Lua. A NASA precisou rever procedimentos de
segurança, materiais, equipamento elétrico e até composição do ar. Apollo 1 serviu, ao menos, para tornar a viagem espacial mais segura – mas não muito.
Um estudo da Universidade do
Texas analisou a taxa de mortalidade dos astronautas desde os anos 80 e
concluiu que um astronauta da Nasa tem 6 vezes mais chance de morrer em
um acidente do que a população americana em geral. Já foi pior: a chance
chegou a ser 10,2 vezes maior no período de 1980 a 1989, época do
acidente com o Challenger, que matou 7 pessoas.
Se hoje em dia ainda é
perigoso se aventurar planeta afora, imagine quando sua equipe não sabe
exatamente o que está fazendo. Em plena corrida espacial, o presidente
americano Jack Kennedy prometeu a chegada à Lua em tempo recorde – e a
Nasa teve que cumprir o prometido na base da gambiarra. O resultado foi
uma espaçonave cheia de pequenos erros.
Se o legado foi positivo para os astronautas do futuro, não foi tanto para a família dos membros do Apollo 1.
Isso porque o acidente foi abafado ao máximo para evitar que o pânico
geral impedisse a continuidade das missões à Lua. Anos depois, outros
acidentes como o Challenger e o Columbia (de 2003) receberam homenagens solenes no Cabo Canaveral, enquanto o Apollo 1
foi relegado ao silêncio. Mas isso também parece estar mudando: a
primeira exposição em memória dos pilotos foi lançada para o aniversário
de 50 anos do acidente no Centro Espacial Kennedy, mostrando o que
restou do acidente que mudou o design de espaçonaves para sempre.
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