A atmosfera de Betelgeuse vista pela câmera ultravioleta do Telescópio
Espacial Hubble, no dia 3 de março de 1995. Boa parte do Sistema Solar
caberia no interior dessa estrela supergigante. Por mais que você se
esforce, um telescópio sempre lhe mostrará as estrelas como pontos de
luz. Chega e ser decepcionante. Nenhum detalhe da superfície, nenhuma
mancha será vista. É praticamente o mesmo ponto de luz que você vê no
céu noturno a olho nu. A menos que você esteja olhando para Betelgeuse.
Ela é uma das maiores estrelas conhecidas e foi a primeira, além do Sol, a se conseguir uma foto “de corpo inteiro”. Betelgeuse é principal estrela (Alfa) da famosa constelação de Órion,
onde está o não menos popular asterismo das “Três Marias”.
Marcando o ombro direito do caçador Órion – lembre-se, ele está de frente para nós, por isso é à nossa esquerda – esta estrela laranja avermelhada é uma das mais brilhantes no céu noturno. Tem sido estudada durante o tempo que tivemos telescópios, mas para toda a nossa tecnologia avançada e conhecimentos, os detalhes sobre ela são irritantemente vagos. Nós nem sequer temos uma boa determinação de quão longe ela está!
Distância: Betelgeuse provavelmente está a cerca de
200 parsecs (650 anos-luz de distância). Diferentes métodos geram
diferentes distâncias, o que tem sido frustrante, mas um estudo recente
mostra que este é o melhor resultado.
Idade: os
modelos de evolução da estrela ao longo do tempo deu uma estimativa de
cerca de 8,5 milhões de anos. Ela é um pouco mais velha do que eu teria
esperado, mas bastante razoável. Compare isso com a idade do Sol de
cerca de 4,5 bilhões de anos, e você verá porque eu digo que estrelas
como Betelgeuse não vivem por muito tempo!
Massa:
As melhores estimativas da massa de Betelgeuse dão cerca de 20 vezes a
do Sol (mais ou menos). Isso é um muita massa; quanto mais massiva, mais
raras, e apenas um punhado de estrelas tem essa quantidade de massa.
Luminosidade:
Betelgeuse é brilhante. Ela brilha com 125 mil vezes a energia do Sol.
Caramba! É por isso que apesar de estar a centenas de anos-luz de
distância de nós ela ainda seja uma das estrelas mais brilhantes no céu.
A essa distância, você precisaria de um telescópio para ver o Sol.
Ainda assim, há muito sabemos: é uma supergigante vermelha, uma estrela que começou a vida já muito maior, mais massiva, e muito mais luminosa que o Sol. Estrelas como ela gastam seu combustível nuclear de forma extremamente rápida; enquanto o Sol só vai se aproximar da meia-idade daqui 4,5 bilhões de anos, Betelgeuse está morrendo agora em uma idade de menos de 10 milhões de anos. E quando ela finalmente se tornar um fantasma, vai fazê-lo com um estrondo. Uma explosão muito, muito grande: ela vai se tornar uma supernova, um dos eventos mais dramáticos e absurdamente violentos da natureza.
Ela é
visível de quase todos os lugares do mundo. Literalmente uma
celebridade celestial. Betelgeuse é uma estrela variável, com mudanças
tanto de brilho quanto de tamanho. Se estivesse no lugar do Sol,
ocuparia todo o espaço até a órbita de Saturno em seu diâmetro máximo, e seria do tamanho da órbita de Júpiter
em seu mínimo. O mesmo que de 550 a 920 vezes o diâmetro do Sol. Ela
brilha por 60 mil sóis e só ocupa a décima posição no ranking das
estrelas mais brilhantes porque está a 425 anos-luz de distancia. Ela
seria muito mais brilhante se você enxergasse em infravermelho, já que
apenas 13% de sua energia é emitida na forma de luz visível. A
luminosidade de Betelgeuse varia num longo período. A razão ainda é um
mistério. Tudo indica que suas camadas mais externas se expandem
durante vários anos, para em seguida se retrair. Fazendo isso, a
temperatura da estrela aumenta e diminui alternadamente, assim como seu
brilho. Essa pulsação é comum em supergigantes, como se Betelgeuse
tivesse também um supercoração. Na verdade, sua atmosfera não é lá muito
estável. Quando se contrai, absorve mais energia e se aquece e
expande. Mas ao aumentar de tamanho, se torna menos densa e a energia
escapa mais facilmente, esfriando-a. Com isso a estrela diminui
novamente e o ciclo recomeça. Porém, esse “coração” de Betelgeuse pulsa
em arritmia. Ela é uma estrela vermelha, que já transformou a maior
parte de seu Hidrogênio em Helio, e agora começa a fundir o próprio
Helio no seu núcleo quente.
Betelgeuse está morrendo. Mas como para
toda celebridade que se preze, sua morte também será um grande
acontecimento. Como mencionado acima ela explodirá, num evento formidável chamado
supernova. Ninguém sabe quando, mas todos concordam que será uma
supernova espetacular. Distante de nós, essa explosão não representará
risco algum. Mesmo assim a estrela será vista no céu pelo menos 10 mil
vezes mais brilhante que hoje. Durante meses ela ficará visível
inclusive à luz do dia. Depois, ela se apagará lentamente até sumir.
Dela não restará nada senão uma nebulosa, visível somente com
telescópios. Seu espetáculo terá terminado e ficaremos apenas
recordando os melhores momentos, até que os olhos de todos os seus
admiradores tenham se fechado também. Afinal, tudo passa no Universo.
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