A sonda Cassini, da Nasa, realizou neste domingo o primeiro de seus “mergulhos” pelos anéis de Saturno, no que marca o início da penúltima fase de sua missão ao sistema do planeta gigante gasoso. No fim da manhã de ontem, no horário de Brasília, a Cassini atravessou a região de um tênue e poeirento anel a cerca de 91 mil quilômetros do topo da atmosfera do planeta produzido pelas pequenas luas Janus e Epimeteu, e apenas 11 mil quilômetros do centro do anel F, o mais externo dos anéis principais de Saturno. Antes de cruzar o plano dos anéis, a sonda acionou seu motor principal por breves seis segundos para acertar sua trajetória.
- Com este pequeno ajuste no rumo da nave, estamos em excelentes condições de tirar o máximo desta nova fase da missão – disse Earl Maize, gerente de projeto da Cassini junto ao Laboratório de Propulsão a Jato da Nasa (JPL), em Pasadena, Califórnia.
Poucas horas depois de atravessar o plano dos anéis, a Cassini começou um escaneamento completo da sua estrutura com instrumentos de rádio, o que deverá fornecer mais detalhes sobre eles.
- Foram necessários anos de planejamento, mas agora que estamos finalmente aqui, toda a equipe da Cassini está animada para começar a estudar os dados que venham destas órbitas próximas dos anéis – resume Linda Spilker, cientista do projeto Cassini também no JPL. - Este é um período notável no que já tem sido uma viagem emocionante.
As câmeras da Cassini fizeram imagens de Saturno cerca de dois dias antes de atravessar o plano dos anéis, mas não nesta primeira aproximação, cujo foco foi acertar sua trajetória e fazer observações com outros instrumentos. Mas os futuros “mergulhos” pelas proximidades dos anéis deverão fornecer algumas das melhores imagens deles e suas pequenas luas “pastoras”.
Cada uma das órbitas desta fase da missão dura aproximadamente uma semana. Assim, a próxima passagem pelos limites externos dos anéis está prevista para o dia 11 de dezembro.
Ao todo, a Cassini deverá completar 20 destas órbitas até 22 de abril do ano que vem, quando o último sobrevoo pela lua gigante Titã alterará novamente sua trajetória. Com este encontro, a órbita da sonda vai “saltar” da região externa dos anéis para a interna.
A partir daí, a Cassini realizará mais 22 “mergulhos” pela lacuna de 2,4 mil quilômetros que separa os anéis principais de Saturno do topo da atmosfera do planeta, no que será a última fase de sua missão. Estas ousadas manobras continuarão até 15 de setembro de 2017, quando então a sonda fará um “mergulho” final na atmosfera do gigante gasoso, transmitindo dados sobre sua composição até a inevitável destruição.
Lançada em 1997, a Cassini chegou ao sistema de Saturno em 2004, permitindo estudar em detalhes o planeta, seus anéis e muitas luas. Durante a missão, a sonda revelou, por exemplo, a existência de um imenso oceano global com evidências de atividade hidrotermal sob a superfície congelada da lua Encélado e de mares e chuvas de metano em Titã. A decisão de destruí-la num “mergulho” final na atmosfera de Saturno também visa evitar que ela contamine estes ambientes, onde teoricamente pode existir vida.
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