Quando a sonda Juno foi lançada em direção a Júpiter o seu maior objetivo era estudar o que acontecia abaixo da atmosfera do Gigante Gasoso.
Assim, como na mitologia, onde Juno, a esposa de Júpiter, era a única que conseguia ver através das nuvens que ficavam rodeado o deus, na astronomia, graças ao conjunto de instrumentos que ela estava levando ela conseguiria fazer isso.
Com esses estudos, entendendo melhor a atmosfera e o que acontece abaixo dela, seria possível saber como Júpiter foi formado, e se ele possui ou não um núcleo rochoso e qual a massa e o tamanho desse núcleo.
Mas no caso da astronomia, a sonda Juno nunca esteve sozinha nessa missão.
Primeiro, existe um projeto que usa dos de observações feitas por amadores para poder ajudar a sonda Juno, mas além disso, existem os grande observatórios profissionais que também ajudam principalmente a contextualizar o que a Juno observa e também ver com outros olhos, ou seja, em outros comprimentos de ondas.
A cada 53 dias, quando Juno passa perto do Júpiter no que chamamos de Perijove, o Telescópio espacial Hubble, e outros grandes telescópios na Terra, como o Gemini Norte, observam também o planeta.
E assim se tem um trabalho integrado, os 3 observando Júpiter, com comprimentos de onda diferentes com o objetivo de desvendar, os mistérios escondidos abaixo das nuvens de Júpiter.
E foi isso que acabou de ser publicado, um compilado de observações integradas feitas entre 2016 e 2019 pela sonda Juno, Hubble e Gemini norte.
Uma das feições estudadas foram os raios.
Enquanto a Juno fez imagens na luz visível , o Hubble e o Gemini capturaram imagens térmicas no infravermelho e com isso os cientistas foram capazes de mostrar que os raios estão associados com uma combinação de estruturas nas nuvens.
Nuvens profundas feitas de água, grandes torres conectivas causadas pelo movimento ascendente do ar úmido, e regiões mais claras causadas pelo movimento descendente do ar mais seco fora das torres convectivas.
Os dados do Hubble mostraram a altura e espessura das nuvens nas torres convectivas bem como a profundidade das nuvens de água.
Os dados do Gemini revelaram as nuvens no seu mais algo nível onde é possível ver as nuvens de água mais profundas.
Esse tipo de fenômeno não acontece em todo lugar apenas nos vórtices ciclônicos, são esses ciclones que facilitam o processo de convecção.
Com isso foi possível entender como o calor flui do interior do planeta e o que causa as diferentes cores que observamos nas bandas atmosféricas de Júpiter, o que sempre foi um mistério.
Mas quando se fala em Júpiter, o que vem mesmo à mente é a Grande Mancha Vermelha e ela também foi estudada em detalhe pela combinação das três missões.
Diferente do que muita gente possa pensar, a Grande Mancha Vermelha não é totalmente homogênea não.
Ela possui certas heterogeneidades interessantes, algumas manchas escuras que pontuam a mancha e que sempre foram um grande mistério, o que estaria causando essas pequenas manchas.
E para complicar mais, essas manchas ainda apareciam e desapareciam em determinadas imagens.
Com a análise combinadas dos dados e principalmente com os dados do Gemini que ver no infravermelho foi possível resolver essa questão.
Esses pontos escuros nada mais são do que buracos nas nuvens, ou locais onde existam menos nuvens bloqueando o calor interno do planeta.
Com essas três poderosas ferramentas, a Juno, o Hubble e o Gemini, os astrônomos podem monitorar o Gigante Gasoso, revelar seus mistérios e ajudar a revelar os mistérios do Sistema Solar como um todo.
Um trabalho de integração de dados, uma das coisas mais maravilhosas de se ver na ciências e temos o privilégio de ver tudo isso acontecendo diante dos nossos olhos.
Júpiter nunca mais será o mesmo depois de ter todos os segredos revelados por essa grande e importante missão que é a Juno.
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