Os astrônomos usando o Telescópio Subaru determinaram que os planetas
parecidos com a Terra do sistema TRAPPIST-1 não estão desalinhados com a
rotação da estrela. Esse é um resultado importante para entender a
evolução dos sistemas planetários ao redor de estrelas de baixa massa em
geral, e em particular a história dos planetas TRAPPIST-1 incluindo
aqueles próximos da zona habitável.
As estrelas parecidas com o Sol não são estáticas, elas giram com
relação a um eixo. Essa rotação é mais notável quando existem feições
como as manchas solares na superfície da estrela.
No Sistema Solar, as
órbitas de todos os planetas estão alinhadas dentro de um intervalo de 6
graus com relação à rotação do Sol. No passado assumia-se que as
órbitas planetárias estariam alinhadas com a rotação da estrela, mas
agora existem muitos exemplos conhecidos de exoplanetas onde as órbitas
planetárias são fortemente desalinhadas com a rotação da estrela. Isso
nos leva a uma questão: poderiam os sistemas planetários se formarem
fora de alinhamento, ou esses sistemas com um desalinhamento observado
começam alinhados e mais tarde são tirados de alinhamento por algum tipo
de perturbação? O sistema TRAPPIST-1 tem chamado a atenção porque nele
existem pequenos planetas rochosos localizados ou na zona habitável, ou
perto dela, onde poderia existir água líquida na sua superfície. A
estrela central é uma estrela de baixa massa, chamada de estrela anã do
Tipo-M, e esses planetas estão situados bem perto da estrela central.
Assim, esse sistema planetário é bem diferente do nosso Sistema Solar.
Determinar a história desse sistema é importante pois poderia ajudar a
determinar se qualquer planeta potencialmente habitável seja na verdade
inabitável. Mas ele também é um sistema interessante, pois ele não
possui qualquer objeto que pudesse perturbar as órbitas dos planetas,
significando que as órbitas atuais devem estar localizadas perto de onde
os planetas se formaram. Isso dá aos astrônomos a oportunidade de
investigar as condições primordiais do sistema.
Pelo fato das estrelas terem uma rotação, o lado que gira na visão do
observador tem uma velocidade relativa em direção ao observador,
enquanto que o lado gira para fora da visão tem uma velocidade relativa
para fora do observador. Se um planeta transita em frente à estrela, e
passa entre a estrela e a Terra, e bloqueia uma pequena porção da luz da
estrela, é possível dizer qual borda da estrela o planeta bloqueia
primeiro. Esse fenômeno é chamado de Efeito Rossiter-McLaughlin. Usando
esse método, é possível medir o desalinhamento entre a órbita planetária
e a rotação da estrela. Contudo, até agora essas observações se
limitaram a grandes planetas, como os planetas mais parecidos com
Júpiter e Netuno.
Uma equipe de pesquisadores observou o TRAPPIST-1 com o Telescópio
Subaru procurando pelo desalinhamento entre as órbitas planetárias e a
estrela. A equipe usou o dia 31 de agosto de 2018 para fazer as medidas,
quando 3 dos exoplanetas que orbitam a estrela TRAPPIST-1 transitaram
em frente da estrela em uma única noite. Dois, dos 3 exoplanetas eram
rochosos perto da zona habitável. Como as estrelas de baixa massa são
geralmente apagadas, tem sido impossível pesquisar a obliquidade estelar
para a TRAPPIST-1. Mas graças à luz adquirida pelo Telescópio Subaru e a
uma análise espectral de alta resolução do novo espectrógrafo
infravermelho do telescópio, a equipe conseguiu medir a obliquidade. E
eles descobriram que a obliquidade era baixa, perto de zero. Essa é a
primeira medida de obliquidade para uma estrela de baixa massa como a
TRAPIST-1 e também a primeira vez que se mediu o Efeito
Rossiter-McLaughlin para exoplanetas na zona habitável.
Contudo, é preciso ter precaução, os dados sugerem um alinhamento da
rotação estelar com o eixo orbital dos planetas, mas a precisão das
medidas não é boa o suficiente para completamente excluir um pequeno
desalinhamento. Mas esse trabalho é excepcional pois mostra a medida
desse efeito, pela primeira vez em planetas parecidos com a Terra e mais
trabalhos serão feitos para melhor caracterizar esse impressionante
sistema de exoplanetas.
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