A chegada está prevista para 4 de julho de 2016. Juno é uma sonda espacial da NASA, por isso a coincidência não podia ser mais perfeita. O objetivo é Júpiter. O bom gigante gasoso do sistema solar, cuja dimensão o transforma numa espécie de guarda-costas da Terra, porque atrai para si muitos dos objetos flutuantes e potencialmente perigosos que povoam o sistema solar, será o grande protagonista da missão Juno, em 2016. Júpiter é um planeta ainda muito misterioso, e algumas das suas luas, como Europa, são das mais sérias candidatas no sistema solar a albergar vida extraterrestre, como pensam hoje os cientistas. Por isso, duas décadas depois da Galileu - a primeira sonda enviada a Júpiter, e assim chamada em homenagem ao homem que pela primeira vez observou Júpiter e as suas luas há 405 anos, com a sua luneta -, a missão Juno vai ser um dos acontecimentos marcantes de 2016 para a ciência, a astronomia e a exploração espacial.
A sonda, uma das poucas nestes 58 anos de era espacial cuja fonte de energia é exclusivamente solar, não vai apenas estudar o planeta: quantificar a água na sua atmosfera, traçar o mapa do seu campo magnético ou tentar perceber, de uma vez por todas, o que ele tem lá dentro, sob o espesso manto da atmosfera - um "coração" sólido ou ainda, e só, um núcleo gasoso? Além de poder resolver estes e outros enigmas e de ampliar decisivamente o conhecimento sobre o sistema solar e sua origem e evolução, a missão Juno fará história também porque esta será a primeira vez que uma parte das observações feitas pela sonda vai ser definida pelos cidadãos e não pelos cientistas. Uma absoluta novidade, que abarcará exclusivamente o registo de imagens com a câmara fotográfica JunoCam, a única que segue a bordo da nave.
Apesar de a sonda Galileu ter andado por aquelas paragens jupiterianas há quase 20 anos, falhas durante a missão - a antena principal, por exemplo, não funcionou, obrigando a restringir as observações científicas, enviadas depois para a Terra em velocidade de caracol -, as melhores imagens de Júpiter tiradas de perto ainda hoje são as da Voyager, que por ali passou em 1979 a caminho da fronteira do sistema solar. As imagens captadas pela JunoCam estarão num novo patamar de resolução e, além disso, serão captadas com a maior proximidade de sempre, a uma distância de apenas cinco mil quilômetros de Júpiter.
A sonda, que foi lançada em agosto de 2011 e chega a 4 de julho de 2016, promete assim marcar a agenda da ciência. Mas 2016 será igualmente o ano de um lançamento espacial.
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