À medida que a NASA se prepara para seu retorno à Lua, ela realiza uma série de pesquisas para garantir a estadia em segurança de humanos por lá. Entre suas preocupações, está a poeira lunar que existe por toda a parte, capaz de se instalar em qualquer superfície e danificar inclusive equipamentos científicos importantes, além de acarretar consequências para a saúde de astronautas. Por isso, agência vem desenvolvendo um instrumento capaz de detectar a quantidade desse poluente em determinado local, e os esforços envolvidos nessa produção estão proporcionando resultados aqui na Terra contra a poluição do ar.
Durante a missão Apollo 17, o traje do astronauta Gene German ficou repleto de poeira lunar (Imagem: Reprodução/NASA) |
As missões realizadas pelo Programa Apollo precisaram enfrentar a poeira lunar, que, além de entupir as câmeras, arranhou tanto a viseira dos capacetes dos astronautas que eles tiveram certa dificuldade para enxergar. Na missão Apollo 17, realizada em dezembro de 1972, o astronauta Harrison Schmitt respirou a poeira e descreveu sua experiência como “febre do feno lunar”. Schmitt apresentou sintomas como espirros, olhos lacrimejantes e até dor de garganta, os quais, posteriormente, sumiram. Mas a NASA agora se preocupa com a saúde daqueles que permanecerão por muito mais tempo sobre a superfície lunar.
É importante lembrar que, embora o corpo humano seja uma "máquina" biológica, partes dele são muito sensíveis, como os pulmões e as córneas, que podem facilmente ser danificados se existir poeiro lunar nas instalações. Sistemas de filtragem do ar são capazes de reter boa parte dessas partículas, mas um sensor de alta qualidade é fundamental para garantir a segurança necessária. Como parte de seu programa NextSTEP, a NASA elaborou uma série de especificações para uma futura base lunar, de modo que a indústria privada pudesse elaborar mecanismos capazes de superar os obstáculos em futuras missões, como a revitalização e monitoramento do ar.
Baseada nas especificações apresentadas pela NASA, a Lunar Outpost desenvolveu um sensor de qualidade do ar, chamado de Space Canary. Então, a empresa forneceu um sensor para a Lockheed Martin, numa das várias iniciativas privadas aprovadas no NextSTEP, que, então, construiu um protótipo de habitat na órbita da Lua. Com isso, ambas as iniciativas trabalharam juntas para aprimorar seus projetos, conforme as necessidades da agência norte-americana. Mas o Space Canary foi além e passou a ser integrado em sistemas de controle ambiental, dando origem ao Canary-S, que, agora, atende às demandas de monitoramento meteorológico e de qualidade do ar de baixo custo.
Space Canary instalado no habitat lunar projetado pela Lockheed Martin (Imagem: Reprodução/NASA/Lockheed Martin Space) |
Atualmente, o Canary-S faz parte de 15 estados dos EUA, entre diversos setores. Um deles é o U.S. Forest Service, o serviço nacional de proteção ambiental, que usa o equipamento para monitorar as emissões de incêndios florestais com maior precisão. “Os bombeiros exibem sintomas de envenenamento por monóxido de carbono há décadas. Eles pensaram ser apenas parte do trabalho”, explica Julian Cyrus, co-fundador da Lunar Outpost. O Canary-S é uma unidade independente, alimentada por energia solar e seus dados são enviados por celular, capaz de detectar diversos poluentes.
Versão do Space Canary adaptada para as demandas de poluição do ar terrestre, nomeado de Canary-S (Imagem: Reprodução/NASA/Lunar Outpost) |
0 Comentários